Envelhecimento Ativo é ... Envelhecer

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Todo este movimento em torno do envelhecimento demográfico mundial tem gerado informação e desinformação.

Tenho  descoberto (com alguma decepção e sofrimento) que o Envelhecimento Ativo não é a imortalidade. Não é rejuvenescer. 

Envelhecimento Ativo segundo a Organização Mundial de Saúde que criou e propagou o conceito é: envelhecer com qualidade de vida, saúde funcional, exercícios, combate à solidão e isolamento, defesa da autonomia e da independência e um trabalho ou atividade com auto realização. Lazer.

Graças à loteria genética, estou razoável fisicamente. E dentro de mim: há mais paz, menos cobrança, às vezes feliz, tenho (muito, muito e muito) mais trabalho com a manutenção da saúde e busca de autonomia do que antes. 

Sempre tive pessoas que assumiram as tarefas do lar por mim. Com mais competência. Duas vezes por semana, o secretário vem para limpeza, roupa  e o que precisar. Além do quê é um amigo com quem posso contar nos dias estranhos (é o envelhecer… acho eu)

Não tenho a menor ideia de como vou acordar amanhã. No meu envelhecimento, o mau-humor me pega desprevenida mas conto com um autocontrole que não tinha.

Sou o melhor de mim depois das 14h.

Gosto do que o envelhecer me trouxe: rir da lenda sobre o valor da autossuficiência, tornar-me amável e delicada, silêncio, ouvir mais e falar menos, paciência, esperança realista. Declarar meu amor às pessoas amadas.

Não gosto do que o envelhecer me trouxe: gostar de isolar-me, apreciar (demais) minha solitude; a consciência da finitude, a mortalidade, as perdas.

Aceito melhor as gafes, tropeços, troca de nomes, esquecimentos. (brigo menos com isso e com o meu corpo é 0 a 0).

Como mais do que gostaria. mo menos, o karaokê é meu lazer sempre que posso, leio livros pulando as partes desinteressantes. Dou um fast-forward nas cenas dos filmes de que não gosto. E amo estar com certas pessoas. Certas. 

As erradas contaminam minha alma e permanecem. E o tempo é para os momentos preciosos, se puder escolher.

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