…algumas pessoas “prescrevem”. Alguns sentimentos, também
Prescrever é um termo jurídico para caducar. Processos, queixas, demandas judiciais, prescrevem depois do x tempo passado. Dependendo do assunto, leva maior ou menor tempo. Um dia perguntei à Mariana Tavares de Araujo, minha filha, sua opinião sobre determinada pessoa, de quem minha filha é amiga até hoje. Ele e eu não nos falamos há mais de 20 anos. Eu gostaria de restabelecer o contato. Resposta dela: “mãe, não tem nada a ver; essa amizade prescreveu….”. Fiquei impressionada com a expressão porque nunca tinha ouvido o termo aplicado ao dia a dia. Fiquei impressionada com a precisão trágica do verbo prescrever aplicado aos nossos sentimentos, amores, afetos, desafetos. Aos amigos. Que sensação de esvaziamento a vida pode nos proporcionar… (Preciso ser mais cuidadosa com meus afetos….) Talvez eu me contentasse com a simples opinião: “não, mãe, acho que não tem mais a ver. Não mãe, fulano nem pergunta mais por você…”. Seria cruel mas nem tanto. Prescrita ou empoeirada, esquecida