... é reconhecer que a hóspede agora sou eu



Quando comecei a perceber o meu envelhecimento, foi como se tivesse que conviver com uma "hóspede" muito enjoada. (Contei a sensação aqui, dia 26/9,   "Agora tenho uma hóspede.")

Os médicos explicam que, diante de uma enfermidade grave, a primeira reação é a negação. Não aceita o diagnóstico do médico. "Isso não está acontecendo comigo.” 


No momento em que o envelhecimento se instala, não traz mudanças significativas. Hoje, sou senhora dele.  Uma palavra resume o que sinto. Impermanência ou finitude. Ou como expressou Karl Marx. "Tudo o que é sólido desmancha no ar". Saúde, segurança, vida financeira, vida afetiva, sexualidade e etc...


Tenho clareza que o temor do desmanche não tem realidade. É um "bicho-papão. Fica difícil me reconhecer às vezes.  Reações inesperadas. Adaptações são frequentes. 

Não usar determinado sapato dentro de casa para não escorregar e tirar os tapetes que possam provocar quedas. Agora tenho um banco de plástico dentro do chuveiro. Não o uso diariamente mas às vezes é de grande ajuda.

Algo ficou maior com o tempo; meu amor pela vida.


Raramente, tenho ataque de "formiguice" Consumia dois pacotes de jujuba em minutos. 

Tenho necessidade de alimentos saudáveis. Inventei um detox "strong" com proteína de soja.

Aprendi no site do Dr.Dráuzio Varella que certas nevralgias ou câimbras são tratáveis com pequenas doses de B12 injetável.


Enfim, percebo que uma nova cultura está se formando em mim e, para o meu alívio, em muitas e muitos. Ultrapassamos o horror ao processo de envelhecimento. O penúltimo tabu.

Parei de tingir o cabelo mas deixei comprido e enrolado.


Só resta então uma palavra de boas-vindas à dona-da-casa. “Não se prenda ao passado porque é falta de inteligência” ensinou Salomão no livro de Eclesiastes.


Outros tempos. Outros "envelheceres". E outras esperanças.



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