De borboleta a lagarta

 



(na quarentena) Manhã de sol no começo do outono. Serra do Rio. 

Foi então que me surpreendi com clareza. Uma clareza amarelo sol. 

Fiquei em paz  diante do pequeno recorte, peça-chave que completava o quebra-cabeça: entendendo  o meu envelhecer = Corpo idoso+coração adolescente +mente à procura de identidade. Sem idade? 

Como viver em paz? Não sei. Vou descobrir.

Uma coisa aprendi. Não há rotina. Montanha russa.

Placidez de lago. Cegueira imobilizante. Congelado de sonhos. (uma conquista do envelhecer :aceitar aquilo que é). Ao observar o corpo impossível fugir da idade. Trabalho a + . Selecionar modelo, cor, composição da figura.Camiseta com manga, vestido longuete, jeans discreto. Camisas de manga comprida, sempre. Brincos minimalistas.  Nos dias ímpares. E nos pares acordar em paz no condomínio. Delicadamente assumo o posto de síndica. Vivo todas as therezas. Sono? Fome? Preguiça? Paixão? Silêncio? Saudades? Esperança? Futuro? Morte? Eternidade? Amor? Deus? Medo?

Tudo se encaixa nas 24 horas seguintes.

 Quantas vezes acontece esse cenário? Poucas. Muito poucas. Talvez por isso me entregue a ele: voracidade e velocidade.Sem ressaca. Abastecida pelas contradições e saciada na incoerência, aceito a rotina tediosa, esterilidade da paixão, a sabedoria da falta de respostas. O inevitável deserto da solidão.

Quantas vezes acontece este cenário? Muitas vezes.

"Sem esperança não surge o inesperado" ensinou o poeta Murilo Mendes. 

Nesses longos intermináveis e cinzentos dias sobrevivo

com o poeta: "sem esperança não surge o inesperado."




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